domingo, 30 de junho de 2013

''Importação'' de médicos causa polêmica

SAÚDE

Governo estadual defende contratação de médicos de fora do País, uma vez que atendimento em comunidades cobre menos de 70% da população. Entidades de classe criticam ação considerada paliativa

 / Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem

Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem

A decisão já tomada pela presidente Dilma Rousseff de contratar médicos estrangeiros para atuar nas vagas que brasileiros rejeitam traz à tona a velha discussão de fixação de profissionais nas extremidades do SUS, no contato direto com a comunidade. Ninguém discorda que faltam médicos nas periferias e interior, causando sofrimento aos mais vulneráveis. Mas buscar doutores espanhóis, cubanos e de outras nacionalidades é mesmo preciso num País que nos últimos oito anos aumentou as vagas em cursos médicos públicos e privados? Essa é a única forma de corrigir o problema?

Vale a pena investir na formação de brasileiros e depois pagar e qualificar gente do exterior? Por que os velhos e urgentes problemas do SUS são tratados com soluções paliativas? Por outro lado, por que há tanta resistência de entidades médicas e segmentos da classe à entrada de estrangeiros, se brasileiros seguem carreira no exterior e é normal, num mundo globalizado, a migração por questões pessoais ou troca de experiência? Dúvidas não faltam em torno do tema.
Em Pernambuco, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) confirma que mesmo com cinco cursos médicos em funcionamento e dois outros em fase inicial, os estrangeiros seriam bem-vindos no momento atual. A estratégia Saúde da Família, criada nos anos 90 pelo Ministério da Saúde para garantir acompanhamento médico de segunda à sexta nas comunidades, cobre menos de 70% da população. E, mesmo assim, das 1.987 equipes cadastradas, 69 (3,4%) não funcionam a contento, a ponto de o governo federal suspender repasses. “Na maioria desses casos, é por falta de médicos”, avalia Afra Suassuna, diretora de Atenção Básica da SES. Apesar da flexibilização do Saúde da Família, que passou a permitir jornada de 20 horas semanais no posto comunitário, prefeituras dizem ter dificuldade para atrair profissionais. E muitos postos, mesmo abertos, só oferecem dois ou três dias da semana com consulta médica, porque o profissional contratado é disputado na região. Na atenção primária, nos PSFs, o déficit atual, só para cobrir as ausências, é de 69 médicos. Se a cobertura do Estado passasse a 100% (hoje é de 68%) seriam necessários mais 300.

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